O amor que ousa dizer seu nome: uma homenagem à amizade

Turma do FLIPENCONTRO reunida


Alain de Botton, o popular filósofo suíço, afirma que viajar é uma arte. Até escreveu um livro sobre isso.

E, como toda arte, há aqueles que a executam com mais ou menos maestria; há ainda, simplesmente, aqueles que veem a forma de viajar do outro como uma orquestra sinfônica de Berlim, ou como uma orquestra de uma cidadezinha sem grande expressão. A viagem também está no olhar de quem viaja, dependendo de pra onde se vai, das pessoas com as quais se vai a algum lugar, da sensibilidade perceptiva.

Tendo ido à Fliporto (Feira Literária Internacional de Pernambuco) com o intuito de rever antigos afetos, conhecer pessoas com as quais só me correspondia, assim como de conhecer escritores com os quais tenho relação através de suas obras e ouvi-los discorrer a respeito de algum assunto, pude compreender a importância da amizade no contexto não apenas de uma viagem, mas da vida.

O grupo, composto de mais de vinte pessoas, se contarmos os agregados, germinou a possibilidade de um encontro durante o evento. E assim foi. Tendo nós nos conhecido pela internet e aproximados pelo amor aos livros, não poderia ter sido diferente. 

Assim, quero aqui registrar nominalmente meu apreço e meu afeto àqueles que, durante quatro dias, conviveram em diversos níveis de intensidade uns com os outros; e que sem dúvida, deixaram fincados no coração de cada um a força incomensurável da amizade.

Vou começar pelo grupo mais maravilhoso deste mundo, os queridos de Recife que nos receberam tão bem. E depois, em ordem aleatória.


Romero: obrigado por ter sido tão disponível o tempo todo (você queria até mesmo ir deixar-nos no aeroporto cinco da manhã!), por ser esse homem tão bem humorado, tão gentil e por ter nos acolhido tão bem. Foi também inestimável ter sido apresentado às suas pinturas, à sua arte e à delicadeza do seu trabalho. Você é um guia muito prestimoso, e sem dúvida, um amigo de alma grandiosa. Obrigado pelas risadas, pelos momentos compartilhados quando você tinha questões suas tão urgentes para resolver. Foste excepcional, e sei que tenho, em ti, um amigo.


Laura: obrigado por nos presentear com um dicionário de pernambuquês que não fica a dever em nada ao Kama Sutra (risos), por fazer a distribuição das camisas com "nossa logomarca", e por ter sido sempre tão gentil e companheira. Não convivemos tanto (bem sabemos que cada um de nós ia e vinha pra cima e pra baixo a todo instante, e alguns desencontros aconteciam), mas senti a sua generosidade, seu carinho e acolhida. Obrigado, mesmo!


Roberta: és essa menina-mulher deslumbrante. Você tem um sorriso capaz de pacificar países em guerra, é de uma energia e vitalidade sem precedentes; e ainda que com tanta coisa acontecendo paralelamente pra ti, não parou um só momento de se fazer presente. E sim, meu bem, você é muito, muito sexy! Linda, obrigado por tudo!

Jussara: que dizer dessa mulher linda, cativante, carinhosa e tão generosa? É, minha amiga, sei que sou "petiqueiro" (é isso mesmo?), mas é meu jeito, às vezes, de lidar com quem gosto ou amo. (Risos). Obrigado por ter nos acolhido tão lindamente, por esse coração que vale mais do que todas as mega-senas do mundo acumuladas, e parabéns pela família linda que você tem. Você tem uma energia tão gostosa, Jussara, que, embora abstrata, foi sem dúvida das coisas belas do nosso encontro.


Rosa: que dizer do ser humano com mais energia vital dentre todos? Que dizer da amiga há tanto tempo conquistada? Rosa, você é indescritível, e adjetivos não te alcançam. Sou muito grato por ter tido a oportunidade de ver-te mais uma vez (e que venham outras tantas!), sentir seu calor, a cor da sua amizade, a beleza da sua alegria que contagia a todos. E amizade é isso mesmo, esse contato estreito (de onde pode até sair faísca, é normal, contanto que não haja explosão!...), esse cuidado gostoso, e a promessa de que ali existe uma semente que gerará bons frutos. No nosso caso, sem dúvida temos todo um campo onde brotam lindas flores. E que seja sempre assim.


Jaziete: a preciosidade dos minutos passados contigo foram uma dádiva. Seu jeito suave, a tranquilidade do seu olhar, o respeito por cada palavra por ti proferida: sabedoria. É assim que meu eu chega a ti. Você é de uma alma repleta, você constrói tessituras que ampliam o sentido da convivência e da amizade. Espero, sinceramente, que nossa amizade seja próspera, porque tê-la por perto é como uma graça alcançada.


Jô Angélica: a minha graciosa surpresa! Jô, nem sei por onde começar a tentar fazer meu carinho por ti compreensível. Você, tal como a lagarta no casulo, abriu-se para mim como a borboleta que dali de dentro nasce, batendo as asas ampla, largamente, reconhecendo-se no mundo, predisposta a fazer aquilo para que nasceu: voar, conhecer novos horizontes. Refiro-me aqui, claro, ao horizonte da amizade. Ao fato de você ter se permitido, tão lindamente, alçar-se para o encontro conosco. Jô, que ser humano lindo você é. Tudo em você resplandece: sua voz firme, graciosa, seu jeito despojado e elegante, a força das suas palavras e atitudes. Jô, que sorte tenho eu em ter podido te presentear com algo, mais uma vez. Eu jamais sonhara que tu és como tu és, e recebi de ti o maior presente de todos: o acolhedor carinho da tua amizade. 


Suca: sempre te quis um bem virtual enorme. Sua inteligência e senso de humor sempre me arrebataram. Porém, quando nos vimos, diante de tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo, não nos aproximamos logo. Aos poucos, pude ir compreendendo melhor o seu olhar, seus trejeitos, sua delicadeza tão singularmente bela. Foi de uma alegria tão indizível, te conhecer, que fiquei deveras com saudade. Obrigado pela amizade, e por ajudar a construir o caminho que, dentro do mundo virtual e fora dele, nos levou um ao outro.


Silvia: não te reconheci assim que te vi, no café da manhã. "Essa daqui é a Silvia", alguém me disse. E eu pensei que você fosse uma das donas da pousada. Aos poucos fui entendendo que você é a mulher da foto do Facebook. Também aos poucos, compreendi que você tem uma história bela e árdua, como são as histórias atemporais; e senti a sua força, sua aura suave, delicada e ao mesmo tempo, impávida: ali estava uma mulher forte, mas que não perdeu a doçura diante das mazelas do mundo. É assim que te vejo, e foi essa a verdade, ainda que minha, que se assomou em mim durante aqueles quatro dias. Você é uma mulher linda, Silvia, e fiquei muito grato pelos momentos de convivência.


Cristine: inicialmente, tive o impacto que você disse que todo mundo tem. Pensava: "Mas como é incisiva! Como é dura!" De fato, você não deixa por menos. Aos poucos, entretanto, descobri também uma mulher absolutamente doce (mais até do que imagina, talvez), generosa, e inteligentíssima. Você é dessas pessoas que se tornam cúmplices de alma, Cristine. Que ao tocar e permitir-se ser tocada, transforma o comum em sublime. E isso, por si só, já é muito.


Priscila: convivemos tão pouco, não foi? Mas eu percebia a sua gentileza, a sua simpatia e cuidado. Gostei imensamente de ter te conhecido, sei que valeu a pena refazermos o sorteio pra que você também estivesse entre nós, né? Obrigado.


Helena: tu te transformas num mulherão ao transbordar de tanta sensibilidade. Convivemos pouquinho, ainda mais estando nós em lugares diferentes na cidade... mas eu pude perceber, de observar, mesmo, que você é dessas cujo afeto é maior do que seu corpo, do tamanho da sua alma, e esta, não tem limites. Que bom que estás conosco.


Hira: Hira querida, como foi bom te rever! Você também faz parte dessas que, inicialmente, tem um semblante de quem tem autoridade pra mandar prender e pra mandar soltar (e ai de quem desobedecer!). Mas já na primeira vez que te vi, em Fortaleza, ao olhar pra você, aproximando-se da mesa, séria, e pensar justamente que você estava por demais séria, logo em seguida você se saiu com essa: "Que tanto abraço e beijo é esse? Eu também quero!" E aquele sorrisão abriu-se. Você sorri com a sinceridade de uma criança, Hira, e eu notei isso desde aquele dia. É muito bom compartilhar com você sua visão e conhecimento de mundo, sua sabedoria e suas opiniões, as mais diversas. Concordando plenamente ou não, o mágico é poder ouvir-te e descobrir, perceber, fazer a troca. Que venham os próximos encontros!


Lucila: mas você é mesmo uma "Ludmila Safada", né? Doida pra me pegar! (E até que me pegou mesmo, por uns 10 segundos!). Olha, não sei de onde você tirou que iríamos "bater os chifres, mas que iríamos acabar por nos entender". Acho que nos entendemos sem bater os chifres, não foi? Tudo bem que você queria muito e tanto, e eu, às vezes, estava aéreo, no meu mundinho autista. Mas sou assim mesmo, desse espírito de me deslocar para dentro de mim mesmo, e o mundo se perde lá fora... De todo modo, saiba: ter sido seu amigo secreto foi muito bom. Adorei. E adorei ainda mais poder conhecê-la, e você ter deixado eu apertá-la quando eu bem entendesse, que delícia! Da próxima vez quero morder também, viu? (Risos)


Henrique: que dizer da maior expressão de amizade, força, amor e sabedoria que a vida já trouxe até mim? Obrigado pelos dias de convivência em Olinda, onde aprendi - aprendo sempre - a ser um pouco melhor. Onde compartilhar um quarto se tornou também sinônimo da mais profícua relação de se dar mútuo, ao sabor das brincadeiras, boas conversas e garantia de bom humor. Saber que você existe nesse mundo torna a vida um lugar de coisas belas. Que não nos percamos nunca, meu querido, porque cada instante de convivência é também um instante da mais pura força e magia, para além da compreensão. Há esse encontro de almas que se locupletam e se regozijam com o sentimento mais verdadeiro, atemporal. Ter em você meu melhor amigo é a maior dádiva de todas. Um presente que se renova sempre na expectativa de te reencontrar. Ad eternum...


Que as próximas viagens possam me trazer ou me levar até cada um de vocês. 

Que a amizade, o amor, o desejo de compartilhar e a literatura continuem a nos unir.

E que venham os próximos capítulos!



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6 Comentarios "O amor que ousa dizer seu nome: uma homenagem à amizade"

  1. Que lindo, querido meu!! Vc me descreveu tão hiperbolicamente, mas eu adorei, visse?? Vc é especial demais e conhecê-lo foi uma das providências do destino a que muito agradeço!
    Um beijo saudoso!!

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  2. Como disse lá, digo cá: suas palavras são generosas, amigo, e comoveram minha alma profundamente.
    Obrigada por sua alma gentil e pela companhia tão enriquecedora.... ( e que venham outros encontros!!)

    Beijo grande!

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  3. Que lindo! Tão sensível, tão atencioso... Foram momentos marcantes!

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  4. Marco, meu amigo, como já lhe disse antes: você é uma pessoa muito generosa e de muita sensibilidade! Como agradeço ao universo a oportunidade desse encontro! Obrigada pelo carinho e gentileza.

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  5. Marco, a lesa só enxergou agora. Mas foi bom, pois pude, através de suas palavras, fazer outra doce viagem para Pernambuco. Você é uma diliça, Marco. Tem um sorriso lindo e um pensamento ágil, vivaz. Eu ainda não saí de Pernambuco. Estranho...

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  6. Marco, que olhar sensível, inteligente e generoso! Realmente nossa convivência foi pequena(espaços diferentes, mas através de suas palavras pude confirmar algumas impressões e conhecer mais de alguns do grupo. Sua descrição de pesssoas Como Romero(pude ver isso num instante) foi perfeita. As pessoas de Recife , realamner nos receberam como reis e rainhas! Roberta é tudo que vc diz;transborda alegria, simpatia.) Enfim está voc, certíssimo em sua descrição.Quanto a mim, só posso dizer,muito bom saber que temos almas que não são pequenas, são enormes para abraços e acolhimentos. Que na próxima, eu possa estar mais junto! Obrigada pelo carinho de todos !
    Eloisa Helena

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