Os Filhos dos Dias, de Eduardo Galeano




Pesquisando sobre o acaso, cada vez me deparo com mais explicações possíveis e plausíveis. Há até um livro muito interessante sobre o assunto, O Andar do Bêbado, que se propõe a explicar essas forças aleatórias que fazem certas coisas ser o que são.

E foi por ler obras como Os Filhos dos Dias, mais recente livro do escritor uruguaio Eduardo Galeano, que não consigo entender o que torna este homem tão admirado no Brasil e em certos lugares da América Latina.

A premissa é interessante: o autor utilizou-se do formato calendário, e escreveu uma história (cada história tem uma página somente) para cada dia do ano. São relatos curtos, a maioria tendo acontecido naquele dia específico no calendário, e todas terminando com um questionamento ou reflexão. 

A sensação que o leitor tem é a de que o autor tinha um compromisso com sua editora, digamos algo como Dostoiévski, que foi ameaçado por seu editor e, se não entregasse uma obra dentro de "X" dias, não receberia mais um centavo em direitos autorais dali em diante, e pôs-se a escrever algo para cumprir um contrato. A diferença é que, no caso do velho Dosto, o resultado foi o clássico O Jogador, enquanto com Galeano, foi este livro que, francamente, não vale os minutos que se gasta lendo-o no banheiro.

O autor aparentemente foi ao site da Wikipedia, jogou lá as datas do ano, pescou historinhas que vão desde antes de Cristo até os dias de hoje e saiu usando o velho e bom Ctrl + C, Ctrl + V, dava um polimentozinho em cada história e terminava com uma dúzia de palavras que tanto serviam pra preencher espaço como pra não dizer coisa com coisa.

O livro é chato, maçante, e ao terminar, temos a nítida sensação de que o que tínhamos na mão nada mais era que um tremendo estorvo. O autor não consegue ser original em seus comentários, suas pseudo-reflexões são fracas, estapafúrdias, e o livro inteiro tem um tom letárgico, como se o livro tivesse sendo escrito à força.

A certeza que tenho é que, depois desse livro, Eduardo Galeano, nunca mais!


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4 Comentarios "Os Filhos dos Dias, de Eduardo Galeano"

  1. Ao sugerir que o Galeano tinha "compromisso" com a editora e escreveu por "ameaça", você mostra que realmente não tem a mínima noção de quem ele é. E pelo seu texto se percebe que tampouco conhece a obra e o estilo dele.

    Outra crítica: http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/1153728-critica-galeano-constroi-calendario-critico-sobre-fatos-historicos.shtml

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    1. Pois é, Celso, mas pra mim, a arte toca, ou não toca. Antes desse, tinha tentado ler "O livro dos abraços" que, salvo um relato ou outro, também achei fraco. Não creio que seja preciso eu entender "o estilo" de um escritor pra tecer comentários sobre sua obra. Sua visão crítica sobre governos direitistas e sua posição esquerdista perante os governos mundiais são louváveis, mas isso não faz ligação direta com o seu novo livro ser bom ou não.

      Sobre ele ter feito o livro sob pressão, evidente que se tratava de uma brincadeira. Mas vai saber? Até aqueles que se dizem com ideologias acabam cedendo à necessidades do momento e fazendo conchavos estranhos. Lula é um exemplo disso, no caso envolvendo Maluf em São Paulo. E olha que eu votei nele (e votaria novamente, dos males, o menor). Mas ninguém está livre.

      Agora, de fato, não sou leitor da obra dele. Tentei duas vezes, não me tocou. A vida é muito curta pra eu insistir em algo que não atinja meu âmago. Paciência.

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  2. dentre as criticas esta foi sem duvidas a pior e a mais superficial.

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  3. Que idiota. Que raso... Digno de pena!

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