Dizer que Pedro Almodóvar é um dos cineastas mais criativos do cinema atual é uma obviedade. Como muitos cineastas prolíficos, tem uma carreira repleta de altos e baixos. Mas ao final deste A Pele que Habito, tive a certeza de ter sido acertado em cheio.
Almodóvar utiliza-se da história de Richard Ledgard, um cirurgião plástico sem escrúpulos, para levar o espectador a refletir sobre questões morais que serão sempre atuais.
Tendo perdido a esposa num acidente, Richard se torna obsessivo para chegar a uma pele perfeita, que poderia ter salvado sua esposa. É então que acontece uma segunda tragédia em sua vida, e a partir daí, ele arquiteta um plano que vai levá-lo ao mais profundo extremo para atingir seus objetivos, com um final capaz de deixar o espectador inebriado.
Num filme que mistura referências a Frankenstein e à extraordinária escritora canadense Alice Munro (esta aparecendo no filme desde o começo, quando um de seus livros na bandeja levada ao personagem Vera, e cujo estilo Almodóvar usou em vários momentos da película), e críticas às obsessões da ciência e por conseguinte, do Homem, é impossível não se entregar à trama, logo que os primeiros (e lentos) minutos se vão.
Assim como fez em Abraços Partidos, Almodóvar usou-se do recurso de flashback para explicar o filme ao espectador e fazê-lo juntar os pedaços do quebra-cabeça e mantê-lo num suspense psicológico de fazê-lo vidrar.
A questão central do filme é a identidade. O que somos por fora, na nossa imagem, naquilo que se apresenta fisicamente para o mundo, e nossa psiquê, aquilo que somos por baixo da pele que habitamos. Como se dá essa guerra interior? Como vencê-la? É possível?
Na sociedade plural em que vivemos, com seus valores em constante processo de metamorfose, Almodóvar nos apresenta um filme mais escuro, menos colorido, menos iluminado - justamente porque a mente humana é esse lugar ainda com tanto a iluminar. Cabe a nós refletirmos sobre o filme, e iluminarmos nossos lugares escuros.
Num filme que mistura referências a Frankenstein e à extraordinária escritora canadense Alice Munro (esta aparecendo no filme desde o começo, quando um de seus livros na bandeja levada ao personagem Vera, e cujo estilo Almodóvar usou em vários momentos da película), e críticas às obsessões da ciência e por conseguinte, do Homem, é impossível não se entregar à trama, logo que os primeiros (e lentos) minutos se vão.
Assim como fez em Abraços Partidos, Almodóvar usou-se do recurso de flashback para explicar o filme ao espectador e fazê-lo juntar os pedaços do quebra-cabeça e mantê-lo num suspense psicológico de fazê-lo vidrar.
A questão central do filme é a identidade. O que somos por fora, na nossa imagem, naquilo que se apresenta fisicamente para o mundo, e nossa psiquê, aquilo que somos por baixo da pele que habitamos. Como se dá essa guerra interior? Como vencê-la? É possível?
Na sociedade plural em que vivemos, com seus valores em constante processo de metamorfose, Almodóvar nos apresenta um filme mais escuro, menos colorido, menos iluminado - justamente porque a mente humana é esse lugar ainda com tanto a iluminar. Cabe a nós refletirmos sobre o filme, e iluminarmos nossos lugares escuros.
Bom, essa resenha me animou a ver o filme, mas acho que vou primeiro encarar o livro, "Tarântula". Eu tinha visto o trailer do filme, e senti que seria um filme atípico no universo do cineasta: mais aterrorizante, impactante. Ultimamente, me afastei um pouco de Almodóvar - cansada de suas mulheres tipificadas -mas me animei a ver esse filme. Valeu pela resenha, Marco. Vê se escreve toda semana, em especial sobre escritores, of course, my dear.
ResponderExcluirAbração,
Adriana
Vou tentar escrever toda semana, Dri. Obrigado por sempre dar uma passadinha aqui e comentar. Logo mais escreverei sobre outros livros e autores. Beijo grande.
ResponderExcluirMarco.